Minhas noites aqui neste casarão
Há muito já não me trazem paz,
As correntes arrastando pelo chão
Ou coisas que o valham, lá de trás,
Ais, sussurros, alaridos e patadas
Povoam desde o sótão ao porão
De vultos e memórias assombradas
A casa decadente, em profusão.
Mas eu tolero tudo isso por amor
Da sombra forte e doce da heroína
Que me honra repartindo a sua dor,
Anita, que eu espero na fronteira
Valhacouto da amiga derradeira
Entre a vigília e o reino da morfina...
(sem data)