terça-feira, 7 de junho de 2011

Os Espectros (de Alma Welt)

Bons espectros que, sei, velam meus sonhos
E sussurram recados de outras eras,
Às vezes me constrangem, pois tristonhos
Trazem queixas, protestos e quimeras.

A Anita que morreu recém-parida
E Netto, ao que parece, assassinado;
Bento em sua estância, mas falida,
Precisando de ajuda, e humilhado...

Entre os próximos, o Vati que me espera *
A mim, que me criou qual Galatéia, *
Mas fiel ao seu cinzel que ainda impera.

Mas fantasma que vivo me enlouquece,
É Rodo*, que tem, própria, a sua platéia
No verde onde o amor e o grão fenece... *


Notas
*...o Vati que me espera- Vati (papai, em alemáo pronuncia-se Fáti, de Vater, pai ( pr. fáter)
*A mim, que me criou qual Galatéia- referência ao Mito grego de Pigmalião, o escultor que esculpiu no mármore uma estátua tão bela de mulher, que pediu à deusa Venus que lhe desse vida. A estátua criou vida própria, se chamou Galatéia, e logo abandonou o artista apaixonado.

*Mas fiel ao seu cinzel que ainda impera - Alma se considerava uma criação de seu pai que quis moldá-la como uma obra de arte(e conseguiu), depois morreu. Alma no verso quis dizer que permanecia fiel à arte à qual ele a devotou.

*Rodo - o irmão da Alma, jogador profissional de poquer.

*No verde onde o amor e o grão fenece - Alma se refere ao pano verde das mesas de jogo.

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