As paredes vetustas desta casa
Trazem-me os sons de outra era
E cheios da dor que reverbera
Como um ruflar de negra asa
Distingo nas noites os gemidos
Das filhas do pobre Valentim,
Os gritos da viúva, os latidos
E logo o uivo de um fiel mastim
Ali, ao pé do corpo que pendia
Da trave do telhado, assim, no sótão
Onde depois o belo Rôdo dormiria
Impávido e inocente o meu irmão,
A embalar seu sono a algaravia
Do sussurrar de um proibido coração.
11/12/2005
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