quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Rei dos Elfos (de Alma Welt)


O Rei dos Elfos (de Alma Welt)

A charrete aos trancos balançava
Enquanto o vento mais zunia,
E eu no Galdério me agarrava
E mesmo sem fé a Deus pedia:

“Senhor, fazei com que cheguemos,
Se um raio nos pega estamos fritos!
Rei Mino libertou os sete demos *
Que somente nos querem ver aflitos!”

E de repente no meio da tormenta
Me lembrei daquele rei dos Elfos *
Que a criança ainda me atormenta.

Mas mesmo com a mente em tempestade,
Confundindo gibelinos com os guelfos,

Cheguei sã e salva à minha herdade... *
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  Notas

*Rei Mino libertou os sete demos -Alma chamava o Minuano, vento que ela temia, de Rei Mino. quanto aos sete demos presumo, que é uma alusão aos sete pecados capitais.

 *Me lembrei daquele rei dos Elfos - Alma certamente alude ao poema O rei dos Elfos, de Ghoethe, que foi musicado como um magnífico "lied" por  Franz Schubert. 
*Confundindo gibelinos com os guelfos- Alma se refere aos dois partidos políticos que dividiram a Europa desde o século XI até o século XIII, numa disputa sangrenta ente os partidários do Sacro-Império Romano- Germânico (os gibelinos) e os partidários do Papa (os guelfos). Ela quer dizerm dessa maneira insólita e original, que mesmo confusa, apavorada, com a tempestade na mente, ela chegou à sua estância, sã e salva.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Travessia (de Alma Welt)

                                                                           The Sin - Henry Fuseli 1741 - 1825

A Travessia (de Alma Welt)


A grande noite escura atravessei
E bem próxima do último portal,
Confesso, tive medo e estaquei
Por ter um coração frágil e mortal.

Eu via ali a sombra de mim mesma
Que me acenava assim, meio sinistra.
Era eu a minha própria abantesma
Que o meu lado escuro administra.

Então lembrei-me de outro Bardo
Que se defrontou com o Pior
Quando já destilava a flor do cardo.

E gritei pra mim: “Irei em frente,
Não poderá haver horror maior!”
E escapei de mim relando rente...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Sono da Erva-Mate (de Alma Welt)





O Sono da Erva-Mate (de Alma Welt)

Quando cai a noite aqui na estância
E silêncios começam, entrecortados
Pelos primeiros sons de circunstância
Como os grilos e sapos despertados,

É a hora dos latidos dos cachorros
Como a saudar a Noite que chegou
Com o brilho das estrelas em seus jorros
De luz que espaço-tempo atravessou.

Então começa a revoada dos vampiros
Atrás das pobres reses e os cavalos
Não obstante uns esparsos falsos tiros

Pois aqui não admito que se abate
Nada que se mova nem nos valos
Que conduzem ao sono da erva-mate...