Percorrendo em vigia meu vinhedo
Tive linda visão e inusitada:
Um cacho isolado qual segredo
Pois que sua cor era dourada.
"Um cacho de ouro!"- exclamei.
"Galdério! Vem ver o que encontrei!
Vê se é uma praga, anomalia
Que possa destruir toda a valia
Da safra e também do nosso esforço!
O cacho é pirata ou belo corso?
Deixo contigo juízo e decisão."
“Alma”- respondeu sábio o peão-
“Então não vês que o ouro é o sinal
De que temos o vinho e o Graal?”
(sem data)
Nota
Acabo de encontrar este curioso e encantador soneto, de acentuado pendor simbolista. E me lembrei de que na época, eu morando em Alegrete, ouvi comentários sobre o espantoso cacho dourado no meio do vinhedo, que se tornou uma das lendas da Alma e de nossa estância. (Lucia Welt)
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